A diretoria do São Paulo Futebol Clube presenteou o candidato eleito, Gilberto Kassab do DEM (ex-PFL) com camiseta comemorativa alusiva à sua vitória sobre Marta Suplicy (PT). Produzida especialmente para o prefeito são-paulino. Leva o seu nome às costas e tem o número 60,72%, referente ao número de votos válidos recebidos nas urnas paulistanas conforme divulgado pela internet.
A que ponto chegamos! Ou a que ponto iremos chegar? Pessoalmente tenho grandes amigos e amigas que são-paulinos, não só votaram na candidata Marta Suplicy como tem motivos e conhecimento o bastante para saber o que representa a vitória conservadora do candidato do DEM na cidade de São Paulo. O feito da diretoria são-paulina foi no mínimo de mau gosto, tacanho. Sem dizer que trata de uma das mais débeis atitudes contra o esporte brasileiro. Corinthianos, São Paulinos, Flamenguistas, Palmeirenses, Vascaínos...etc são agremiações, clubes formado por homens e mulheres que unidos em torno do escudo e da hitória de seu time para torcer, ir ao estádio, levar os filhos e festejar vitórias ou sofrer com as derrotas. Acho que já é o bastante ver no futebol a insígnia do merchandising que associa futebol ao consumo de bebidas ou a conquista de belas mulheres.
Agora o fim da picada! Se o que vale aqui é dar cara e forma ideológica aos times de futebol, no país do futebol, então que tratemos logo de criar o Comunistas Futebol Clube e, claro, construir um estádio com a forma de foice e martelo. Abriremos cada partida com dois hinos. O brasileiro e a internacional. Seria o máximo! Do outro lado por sua vez teríamos o estádio do Neoliberal Futebol Clube que bem pode ter seu estádio construído com dinheiro da elite na forma de cifrão que indica unidade monetária e a razão da existência desse simulacro chamado capital. Sua torcida seriam os apoiadores do DEM e conservadores de plantão que nesse momento vislubram um fértil território para cultivar caminho para 2010. Será que o próximo candidato conservador a presidência da república será são-paulino?
E como se não bastasse o goleiro do São Paulo, Rogério Ceni encontra coesão nesse ato insano e desprovido de qualquer respeito à equipe ou bom senso. É que o são-paulino tem por hábito desferir críticas ao governo Lula, sobretudo ao projeto Bola Família que, segundo ele: “é muito legal se for o complemento do salário de um cidadão brasileiro’, mas estaria sendo um incentivo para que a população pobre não procure emprego.” Interessante!
Em primeiro lugar: que salário? Se boa parte da população brasileireira economicamente ativa esteve fora dos bolsões de emprego amargando perdas irrecuperáveis ao logo de pelo menos três décadas de governos entreguistas. Em segundo lugar: quem pode falar de trabalho se vive de especular a bolsa e as mamatas a expeculação financiera, vivendo confortavelmente da exploração (ou será expropriação) da força de trabalho do cidadão homem ou mulher? Esse indíviduo sabe realmente o que significa trabalho? E por último peço ao Rogério Ceni, à diretoria do São Paulo Futebol Clube e a qualquer cidadão do bem ou do mau que leia na íntegra matéria do Le Monde de 18 de setembro de 2008 que exalta e enche de elogios a “mais bem-sucedida das iniciativas sociais do governo Lula: o programa ‘Bolsa Família’”. De acordo com o tradicional diário francês, “o Bolsa Família acabou juntando diversos mecanismos de ajuda. Ele é atualmente o maior programa em todo mundo de transferência de dinheiro em proveito de famílias pobres”.
Bem aí sabemos que quando são criados programas de redistribuição de renda de fato estamos ainda longe da extinção das políticas compesatórias. Mas como bem observado pelo jornal francês o Bolsa Família nasceu verde, com erros e que foram corrigidos com o tempo. Mas esse negócio de destinar dinheiro aos pobres incomoda muita gente. E a mimo que incomoda e deveria incomodar a todos é ver uma galera insana pelejando para descaracterizar a luta pela emancipação do homem trabalhador e dar cara ideológica ao esporte. Instrumento esse que deve levar o homem ao caminho de uma vida mais duradoura e saudável, permitir a competição, alcançar objetivos através da vitória justa e merecida e ostentar na camiseta seu simbolo, suas estrelas e sua história mas não a propaganda viscosa e sem graça da direita conservadora. Aos amigos são-paulinos de esquerda toda minha consideração e respeito. Aos promotores dessa piada de mau gosto um alerta! Não queiram também destruir o grande e honrado patrinômino do nosso esporte, alcançado com tanta luta e dedicação. Querem pessoalmente apoiar tal ou qual candidato. Por favor, façam-no como manda o direito democrático de livre escolha. Mas não joguem na lama a história do São Paulo ou de qualquer equipe seja de futebol ou de bolinha de gude!